Por que os times do Brasileirão acumulam dívidas mesmo com receitas recordes?
Apesar de um recorde histórico de receitas em 2023, os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro continuam a enfrentar desafios financeiros significativos. Com uma arrecadação bruta total de R$ 8,83 bilhões, um aumento de 16% em relação ao ano anterior, esperava-se uma melhoria na saúde financeira dos times.
No entanto, os gastos dispararam ainda mais, subindo 33,5% para R$ 7,04 bilhões no mesmo período. Isso resultou em um saldo final alarmante de dívidas totalizando R$ 11,7 bilhões ao fim de 2023.
Segundo o Relatório Convocados, a diversificação das receitas foi um fator crucial para esse aumento, incluindo retornos significativos com a volta de clubes como Bahia, Cruzeiro, Grêmio e Vasco à Série A. Além disso, melhorias em contratos comerciais, bilheteria e programas de sócio-torcedor contribuíram para esse crescimento.
Cesar Grafietti, sócio da Convocados, destacou que embora esses números indiquem um avanço na independência dos clubes em relação aos direitos de transmissão, eles também revelam uma gestão financeira desigual. Muitos clubes continuam a gastar acima de suas possibilidades, comprometendo suas finanças a longo prazo.
“Ainda há uma falta de transparência nos balanços financeiros dos clubes, especialmente em relação a despesas não diretamente relacionadas ao futebol”, observou Grafietti. Ele ressaltou que é crucial para os clubes adotar práticas de gestão mais rigorosas e focadas na redução de custos operacionais.
Enquanto algumas equipes, como Flamengo e Palmeiras, têm demonstrado uma gestão financeira mais prudente, outras continuam a enfrentar desafios significativos. A esperança reside na capacidade dos clubes de transformar suas receitas crescentes em um equilíbrio financeiro sustentável, garantindo que o sucesso em campo seja acompanhado por estabilidade financeira fora dele.
As maiores dívidas do futebol brasileiro ao fim de 2023
Corinthians – R$ 1,8 bilhão*
Botafogo – R$ 1,3 bilhão**
Atlético-MG – R$ 998 milhões
São Paulo – R$ 859 milhões
Cruzeiro – R$ 811 milhões
Fluminense – R$ 736 milhões
Red Bull Bragantino – R$ 696 milhões
Vasco – R$ 696 milhões
Internacional – R$ 650 milhões
Santos – R$ 548 milhões
Athletico-PR – R$ 492 milhões
Palmeiras – R$ 466 milhões
Grêmio – R$ 441 milhões
Flamengo – R$ 391 milhões
Bahia – R$ 366 milhões
Coritiba – R$ 272 milhões
América-MG – R$ 109 milhões
Fortaleza – R$ 67 milhões
Cuiabá – R$ 0
Goiás – R$ 0
*Incluso a dívida da Neo Química Arena
**Incluso o passivo da SAF + clube associativo